Quando fumava o tempo passava mais depressa. Tinha mais com que me entreter, desculpas para ocupar as mãos e deitar pela boca aquele maravilhoso fumo que tão divertido era:
"Ah, faltam 3 minutos para o autocarro, se acender agora quase que o fumo todo."
"Hummm estou tão cansada depois de um dia de trabalho. Chego a casa, fumo um cigarro e vou arrumar o quarto. Ou fumo um cigarro e planeio fumar muitos mais a ver televisão."
"Os cigarros estão a aumentar de preço mas em comparação a Londres continuam tão mais baratos... Dá-me lume se faz favor."
"A minha amiga foi à casa-de-banho e deixou-me sozinha neste bar em que não conheço ninguém... Toca a acender."
"Humm que tipo giro... Tens lume?"
"Mais um cigarro e vou-me deitar."
"Apesar dos 39º de febre, isto de estar em casa o dia todo sozinha não tem piada nenhuma e portanto toca a fumar para o tempo passar mais depressa."
E agora nada disto. Daqui a 2 dias faz 3 meses que deixei de fumar, e continuo a perguntar-me porquê quase todos os dias, principalmente naqueles que involvem cerveja, vinho ou qualquer bebida alcoólica. O cancro, a bronquite crónica, as artérias entupidas, a infertilidade e a morte prematura não valem nada às vezes. Que disparate, a morte prematura.
Mas quando sinto no quentinho da minha casa o cheiro nojento vindo de um cigarro acabadinho de apagar, lembro-me porquê. E rapidamente dou por mim a sussurrar baixinho "não vou ser como os táxistas, não vou ser como os táxistas, não vou ser como os táxistas..."
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